PARA OUTRO IRMÃO QUE PARTIU POR CONTA PRÓPRIA

I
a vida não tem graça
vamos brincar de morrer

vamos brincar de forca
na árvore da vida

vamos com calma
vamos dançando

vamos pedalar
para além da vida

sem filosofias
sem desespero

vamos pedalar
sem olhar para trás

vamos pela estrada
da deslembrança


II
dança menino
vai dançando

atravessa brincando
a fronteira da vida


 III
deitado no mato
no meio da noite

debaixo da lua
no pé da palmeira

o vento lambendo
a  testa da mata

folhas caindo
dança das sombras


IV
quanta beleza
na música dos bichos

na brisa leve 
no perfume da terra

como é belo
o chamado do vazio

  
V
fecha os olhos
abraça o vento

dorme
meu irmão

o canto dos pássaros
não te despertará


VI
meu irmão
mora na mata

meu irmão
dorme na mata

e vai virando pó
e vai virando pedra

e vai virando saudade
e vai desvirando homem





PARA UM IRMÃO QUE PARTIU POR CONTA PRÓPRIA

Com um único nó na corda
cruzaste a borda da vida.
Em meio metro de queda,
a moeda fria do fim.

Na derradeira volta do Mundo,
a primeira mancha no rosto,
no meio da terça-feira.

A cavalgada no lombo da morte,
o beijo no corte da carne,
o esgarçar do couro do corpo.

A porrada na porta de saída da vida,
a pancada na ponta de dentro do peito.

O enforcamento no topo do arco-íris,
teu cadáver balança nas nuvens.

O salto do alto do sonho,
o tombo para fora do destino.

Com suas cartas de suicídio nas mãos,
todos os mortos de amor sorriem.

Ao som do último tango,
descansa, meu camarada!


ESCOLINHA SANTA TERESINHA

subversão no prezinho
era espiar a calcinha
da tia Cotinha