Confabulindo...

Ilustração de Zenilton
de Jesus Gayoso Miranda

  

Fim e começo. Rio e mar. Limite e horizonte. Passado, presente, futuro. Nem passado, nem presente, nem futuro. Amálgama. Encontro de forma e conteúdo. Não pode ser efêmero o que não é mensurável. O coito é o mais transcendente dos atos. Funde o sujeito no objeto e este naquele. Uterinamente. Prescinde das palavras. Estabelece comunicação pela pele, pela boca, pelo hálito, pelo sexo, pelos pêlos. Urubu se diluindo na noite escura. Fusão da parte no todo. Dissolução do todo na parte.


O poema nasce da interrupção do coito do homem com a vida. Do sentido ejaculado fora da realidade. Rio canalizado. Elo rompido. O poeta é um garimpeiro. Escava o absurdo em busca da unidade, e fracassa. Quer a comunicação total, mas está contido pelas palavras.     

2 comentários:

Anônimo disse...

e muito profundo ta valendo

Anônimo disse...

Eis o absurdo da vida...A cisão do homem com a ordem...